segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Cinza



Cinza

Desumana rosa que é uma planta
Desabrochada como o meu antigo amor
Seca como terminou a relação
Esquecida como anda meu coração
Rosa de tantas pétalas pequenas
Cinza como o campo cheio de fuligem
Desmanchando-se em lágrimas dos meus olhos
Secando como o rio em época de seca
Despedindo-se do mundo como seu corpo fálico
Presa em um caixão de vidro
Aguada com o veneno da morte
Florescendo em dor agonizante
Indo rápida como a última batida de um coração
De encontro ao solo, de encontro ao chão.
Encontrou a morte e a minha mão
Encontramos juntos o mesmo caixão
E damos adeus ao mundo que nos esqueceu
No breve segundo em que se fecha
Aquela tampa sem vidro, sem alma, sem coração.
Adeus mundo, bem vindo ao caixão.

Rodrigo Barbosa
30/11/2009

domingo, 29 de novembro de 2009

Olhar vazio



Olhar vazio

Hoje teu olhar me parece tão triste
Perdido na distancia a sua frente
Nos obstáculos que tanto encontramos na vida
Na lembrança de um passado que se perdeu
O tempo nos castiga dia a dia
Deixa marcas encravadas na alma
Mas cura lentamente as dores do coração
E tantas que nos afligem de forma mais profunda
Remoendo as emoções que adormecem em nós
Matando aquelas bobas alegrias da infância
Que cada vez se distanciam mais e mais
Levando nosso olhar cada vez para mais longe.

Rodrigo Barbosa
29/11/2009

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O Relógio




O Relógio

Aquele teu relógio que antes não tinha visto
Que agora encontrei aqui nessa mesinha
Esquecido por você como eu também fui
Estamos lembrando de todos os momentos
Os quais estivemos só nós três juntos
Naqueles tempos meus olhos só viam você
Nunca tinha reparado esse nosso companheiro
Ele está aqui marcando o tempo que me passa
O tempo que passo solitária sem você
Afundando em lágrimas que teimam em nunca secar
Alagando as curvas desencontradas do meu corpo
Empoçando onde consegue ela se amontoar
Sorte desse relógio ser a prova de água
Queria eu ser a prova dessa dor
Mas agora só resta olhar para este companheiro
E esperar, esperar, esperar.

Rodrigo Barbosa
25/11/2009

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Misterioso Sonho



Misterioso Sonho

Ontem eu tive um sonho
E nele você andava devagar
Olhava-me pela beira dos olhos
Estamos em um conjunto montanhoso
Desses comuns em tantos filmes
Mas o verde que tudo cobria
Não cobria os teus passos
Nem encobriu o momento em que você parou
O verde sumiu quando o vento fez voar teus cabelos
E tua face se encheu de um saudável mistério
Minhas poucas palavras não me lembro
Mas certamente era um sussurro de amor
Um a ode a sua presença
Uma reza pela sua continuidade
Um apelo não ouvido, esquecido, desperdiçado.
Pois tudo que me resta de você é a lembrança
Que carrego doendo no peito
E pintada na alma de uma forma tão forte
Que salta aos olhos quando as pálpebras se fecham
E eu repito novamente esse momento
Vivo novamente essas palavras
Reescrevo o que reescrevi
Enquanto tento de alguma forma
Reinventar um passado
Antes que a noite se vá.

Rodrigo Barbosa
23/11/2009

domingo, 22 de novembro de 2009

Caricias




Caricias

No silencio dessa nossa noite
Onde nossas mãos se encontram
Realizando um balet incomum
Uma homenagem ao acaso do amor
Quando não é mais possível ver a realidade
Apenas o escuro é tranquilo
Apenas a solidão de olhos fechados lhe prepara
Aguça a sensibilidade para o toque
Amplia o sentir ao máximo
Até que o mundo se resuma
A minha mão e sua mão
Juntas e separadas
Deitadas, roladas, entrelaçadas...
Desesperadas pela eternidade,
Pelo desejo de sempre estar juntas.

Rodrigo Barbosa
22/11/2009

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Palavras Secretas





Palavras Secretas

A loucura é minha companheira de vida
Parte do que silencia durante o dia
Pois de dia o amor é cego
De dia o amor é louco
E não posso cair na luxuria
Mas a noite a minha companhia muda
Eu fico mais cego
Mais louco
Mais sexo
Mais vida
Mais escondido do dia
A noite a liberdade florece
O amor se esconde entre paredes
O sengue flue mais vermelho
E o sonho é muito mais real
O grito é mais verdadeiro
O suor escorre inteiro
Transpirando o que o dia não deixa vazar
A certeza de que independente do amor
O sexo é cego e muito, muito louco!

Rodrigo Barbosa
19/11/2009

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Você e o lençol


Você e o lençol

Eu te via ali meio esquecida em nosso lençol
Naquela cama que tantas vezes dividimos
E que até a pouco tremia com nosso amor
Não sei se estas triste ou cansada
Não importa realmente nesse momento
O que agora estou curtindo é o lençol
A forma que a seda se abraça ao teu corpo
O jeito que o bege aguça suas curvas
Estou aqui me preparando novamente
Esperando, Apreciando ...
Avaliando meu próximo ataque
Desdobrando suas defesas no olhar
Escrevendo meu roteiro na mente
Escolhendo as palavras certas
Para que teu ouvido inspire teu corpo
A acender a luz que um simples olhar para você
Me acende tão loucamente.

Rodrigo Barbosa
16/11/2009